quinta-feira, 1 de maio de 2014
Mateus 7. 1-6
A partir de agora iniciaremos a conclusão do Sermão do Monte. Nos primeiros versículos, Jesus nos fala a respeito do julgamento. Devemos estar atentos às explicações subsequentes porque essa é uma questão complicada e mal interpretada por muitos crentes. A partir do verso 3 Ele explica o primeiro versículo e, no verso 2, mostra a consequência do não cumprimento do verso 1: "Pois, com o critério com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também."
Muitos dizem que a reprova de um ato pecaminoso não deve ser feita porque Jesus condenou o julgamento. De fato nós não podemos julgar, mas Ele vai explicar o que isso realmente significa. Não podemos interpretar o texto da forma que o nosso coração pecaminoso nos inclina e sim interpreta-lo apenas com a luz das próprias Escrituras. Jesus diz que nós podemos julgar! O que Ele nos ensina é o oposto do que as pessoas costumam dizer por aí.
O que Jesus ensinou não tem nada a ver com não reprovar atos maus. Se fosse de fato pra não julgar de MODO nenhum, se não pudéssemos exercer nenhum tipo de juízo, alguma coisa estaria errada. O próprio Jesus produz julgamento quando nos ensina que toda a árvore má produz frutos maus e que nós conheceremos o próximo por meio dos seus frutos. Isso é julgamento! Acontece que caímos no erro de não considerar como correto julgamento aquilo que nos confronta, aquilo que diz respeito ao NOSSO pecado.
O perigo do julgamento não é o veredito. Julgar significa usar critério, usar o juízo para estabelecer e discernir o certo do errado. O perigo do julgamento é o processo! O que Ele está condenando é a postura no julgamento e não a atitude em si. Vemos isso no segundo versículo. Se usarmos os mesmos critérios que usamos para julgar o nosso próximo para nos julgar, apenas perceberemos que não passamos nos nossos próprios critérios. Cuidado! Você estabelece padrões para os outros que nem você mesmo obedece! Esse era o problema dos fariseus: a hipocrisia. Eles fingiam ser mais do que realmente eram e Jesus, sabendo disso, afirma sabiamente que, se eles fossem julgados pelos próprios juízos, seriam os primeiros a serem condenados.
“Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio?”
Nós conseguimos enxergar o argueiro no olho do nosso irmão, porém não conseguimos enxergar a trave que existe no nosso. O que é fácil, o que está perto, nós não conseguimos enxergar! Enxergamos maldade microscópicas nos outros e não vemos a dimensão infinita do nosso próprio pecado. A mensagem de Jesus reside na hipocrisia. Sejamos sinceros: nós não somos prestativos! O nosso prazer imundo é expor o pecado alheio, quando na verdade o nosso pecado é maior do que o pecado daqueles que acusamos de maneira tão veemente.
Jesus não quer que sejamos cegos, que ignoremos o mal. Ele pede para que sejamos generosos e misericordiosos quando formos julgar alguém. Ele nos ensina a abandonar o senso hipercrítico, aquilo que nos faz parecer "deuses" sobre os outros. Nós jamais passaremos nos critérios que nós mesmos estabelecemos e há uma prova disso na escritura: Natã e Davi (Ver 2 Samuel 12). O que Jesus tem em mente é que os fariseus agiam cegamente como Davi agiu quando pecou com Bate-Seba. Natã pede a Davi para julgar a causa e o erro de Davi não foi ter julgado, mas não ter sido misericordioso ao fazê-lo. Cuidado! Julgar é importante! Entretanto se você julgar mal será julgado com os mesmos critérios. É a palavra de Deus que estabelece a balança e não nós e nossa aparente piedade! Quando Davi impiedosamente diz que aquele homem merecia morrer podemos parar e refletir: e se Davi fosse medido com a mesma medida em que julgou o caso?
Se a lei da reciprocidade fosse aplicada a Davi, ele não sobreviveria. Isso vale pra todos nós! Como andam os nossos critérios de julgamento? Como estamos julgando as pessoas? Nós sempre nos colocamos como juiz do nosso próximo... Será que no dia do juízo, quando virmos o VERDADEIRO juiz aparecer, teremos coragem de dizer que não conhecíamos a lei com a qual nós julgamos? É exatamente contra isso que Jesus nos adverte!
No verso 6, Jesus nos remete a Pv 26.11, retirando do antigo testamento a força do seu ministério. Pérola era uma pedra preciosa caríssima! Nós oferecemos algo precioso a quem não liga para isso. Não podemos tornar impuro aquilo que é santo! Para o judeu, tanto o cachorro como os porcos eram impuros, distantes. Precisamos usar bem o nosso discernimento, com sabedoria. Se alguém não quer receber o que você tem de precioso, não dê. Quantas vezes nós banalizamos as coisas de Deus! Nós carregamos pérolas, o que é santo nos foi dado! Isso não pode ser dado a qualquer um, de qualquer jeito. Nós banalizamos o culto, banalizamos as Escrituras, fazemos piadas a respeito do que é santo... Precisamos tomar cuidado. Nada do que você tenha é mais precioso do que a mensagem do reino dos céus. Nós temos em nossas mãos a "capacidade" de salvar alguém através da ação do Espírito Santo de Deus por meio da nossa pregação. Nada é mais caro do que o sangue de Cristo, nada é mais precioso.
Dessa forma, precisamos pensar! Até onde devemos insistir com alguém que não quer saber do evangelho? Algumas pessoas costumam zombar, atacar o Evangelho; a esses, não devemos dar o que é santo! Não podemos dar o que é pérola aos porcos! Que Deus nos dê sabedoria para discernir entre esses. Pregar o evangelho não é algo simples: o que temos na mão é extremamente valioso. Quando aquilo que nos é precioso e caro é tratado como algo de pequeno valor, isso deve nos entristecer. Falemos apenas para quem quer ouvir!
“Portai-vos com sabedoria para com os que são de fora; aproveitai as oportunidades. A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada um.” Cl 4.5,6
“Não repreendas o escarnecedor, para que te não aborreça; repreende o sábio, e ele te amará. Dá instrução ao sábio, e ele se fará mais sábio ainda; ensina ao justo, e ele crescerá em prudência.” Pv 9. 8,9
Ana Talitha Rosa
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