Após proferir aquelas parábolas, Jesus vai para Nazaré, cidade onde havia crescido. O texto de Mateus não nos traz muitos detalhes, mas a passagem correspondente em Lucas (4. 16-30) nos diz que era dia de sábado quando Jesus foi à sinagoga e passou a ensinar os que ali estavam.
Segundo o relato feito por Lucas, foi dado a Jesus o rolo do livro de Isaías, e tendo ele lido Isaías 61.1-2 que diz: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor” (segundo a referência encontrada em Lucas 4.18-19), Jesus fechou o livro e disse que hoje, a profecia que ele acabara de ler havia se cumprido, ou seja, a pessoa a quem Isaías de referia, era ninguém menos do que Jesus de Nazaré, aquele mesmo que estava ali diante de todas aquelas pessoas ensinando as Escrituras. O Salvador, aquele sobre quem havia sido profetizado de Gênesis a Malaquias, o Messias prometido por Deus para livrar o seu povo da condenação eterna estava entre os judeus ensinando-os. Segundo Mateus, os que ouviam as palavras de Jesus maravilhavam-se sobremaneira, e começaram a perguntar uns aos outros: “Donde vêm esta sabedoria e estes poderes miraculosos? Não é este o filho do carpinteiro? Não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos, Tiago, José, Simão e Judas? Não vivem entre nós todas as suas irmãs? Donde lhe vem, pois, tudo isto?” (Mateus 4.55-56).
Jesus, que conhecia o íntimo do coração de todas aquelas pessoas, já que ele mesmo era Deus, sabia que o coração daquele povo era incrédulo. Muito provavelmente, eles criam que Jesus operava milagres portentosos, porém, não acreditavam que o “filho do carpinteiro”, aquele “simples” menino a quem todos conheciam desde a tenra infância, era o próprio Deus encarnado. Lucas nos diz que Jesus sabia o que se passava no íntimo daquelas pessoas: “Sem dúvida, citar-me-eis este provérbio: Médico, cura-te a ti mesmo; tudo o que ouvimos ter-se dado em Cafarnaum, faze-o também aqui na tua terra.” Aquele povo achava que, por ser conterrâneo de Jesus, possuía um direito especial sobre seus milagres, como se por ser Nazareno, o povo de Nazaré deveria ter prioridade sobre os milagres que Jesus fazia, e que os outros deveriam ser tratados como estrangeiros. A isso o Senhor Jesus responde: “Não há profeta sem honra, senão na sua terra e na sua casa” (Mateus 13.57). Em Lucas 4.25-27, Jesus cita dois exemplos extremamente interessantes.
O primeiro deles é do período de fome e seca que passou o povo de Israel nos tempos de Elias, e Jesus diz que mesmo havendo muitas viúvas em Israel, Elias foi enviado apenas à uma viúva em Serepta, em Sidom, onde fez o milagre da botija e ressuscitou seu filho. Jesus cita também o exemplo de Eliseu, que foi enviado a curar apenas Naamã, o siro, enquanto que em Israel havia muitos outros leprosos.
Jesus, com esses exemplos, deixa claro que, como ocorreu com Elias e Eliseu, seus milagres eram direcionados apenas para aqueles que criam no senhor Jesus! O povo de Israel mostrou incredulidade nos tempos de Elias e Eliseu, por isso seus milagres foram feitos para “os de fora”, que não mostraram a mesma incredulidade dos judeus. Todos os milagres que Jesus fazia eram para os seus, ele não curava apenas que acreditavam que poderiam ser curados, mas para aqueles que acreditavam que o “filho do carpinteiro” era também o “unigênito do Pai”.
Nesse texto vemos claramente que nem todos os de Israel, são, de fato, israelitas (Romanos 9.6), apenas a graça e a benevolência divina através da salvação em Cristo podem nos salvar. A eleição nacional não garantia salvação eterna, apesar de todas as bênçãos que essa eleição trazia ao povo de Israel. Aquele povo que ouvia atentamente os ensinamentos de Cristo, e que o viu crescer, apesar de ouvir as Escrituras desde pequenos e de ver todas as profecias se cumprindo nele, não conseguiam acreditar no que seus olhos viam, e seus corações se endureciam contra o Filho do Homem, pois estavam espiritualmente mortos, como toda raça humana que não foi alcançada pelo sacrifício de Cristo.
Diane deste relato, devemos temer e olhar pra dentro de nós mesmos! Será que estamos nos sentido seguros por irmos à igreja domingo a domingo, achando que isso salvará nossa alma? Será que acreditamos realmente que Cristo morreu por nós? Que diferença essa verdade tem feito em nossa vida?
Que Deus tenha piedade de nós, para que não sejamos como os nazarenos que, apesar de ter todas as evidências diante de seus olhos, estavam totalmente cegos para as verdades das Escrituras.
Lucas Quaresma
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