Iniciaremos agora, no capítulo 13, uma sequência de parábolas. Nesse trecho temos a primeira ilustração, baseada em verdades espirituais. A parábola do semeador se cumpre continuamente diante de nossos olhos: Uma vez exposta, a palavra de Deus pode percorrer um destes caminhos, provando a veracidade das palavras de nosso Senhor Jesus Cristo. Temos aqui descrito o que ocorre em todos os lugares onde o evangelho é anunciado.
Tenhamos em mente que o trabalho do semeador é tão importante quanto a “qualidade do solo” em que se semeia. É necessário que o pregador semeie boa semente, se deseja obter frutos. A Palavra de Deus deve ser pregada com fidelidade e verdade, não se acrescentando e nem retirando nada da mesma. O Espírito Santo age no coração do homem através da pregação do evangelho puro e genuíno; qualquer adição, invenção ou perversão humana que ultrapasse os limites da escritura não poderá produzir os efeitos de uma verdadeira conversão. Assim como o que semeia, aquele que prega precisa ser diligente, não poupando esforços para que o seu trabalho prospere. A Palavra deve ser pregada quer seja oportuno, quer não! Sabemos que o resultado do trabalho não depende daquele que prega, mas é preciso que ele espalhe a semente que lhe foi confiada, tendo em mente que Deus, na sua soberana vontade, agirá no coração do que ouve – quer seja para juízo, quer para salvação.
Vemos aqui que há várias maneiras de ouvir a Palavra de Deus inutilmente e é sobre isso que falaremos agora. Podemos escutar uma pregação ou ler um texto com corações endurecidos, como o chão “à beira do caminho”, sem preocupação e sem refletir sobre o estado de nossa alma. O sacrifício de Cristo pode ser exposto e podemos ouvir sobre os seus sofrimentos com total indiferença. Com a mesma rapidez em que as palavras chegam aos nossos ouvidos, o diabo as arranca de nós e, então, permanecemos como se nem tivéssemos tido contato com a Palavra. Sobre esses podemos dizer: “Têm olhos e não vêem; têm ouvidos e não ouvem” (Sl 135.16,17) A verdade não parece exercer efeito sobre os corações deles.
Também podemos ouvir um sermão com prazer, enquanto os efeitos produzidos em nós são temporários. Nosso coração é como o “solo rochoso”; podem-se produzir inúmeros sentimentos, mas não existem raízes profundas em nossa alma. A primeira oposição ou tentação faz com que a nossa aparente religião desapareça. A simples apreciação de sermões não é sinal da presença da graça divina. Sobre esses podemos dizer: “Eis que tu és para eles como quem canta canções de amor, que tem voz suave e tange bem; porque ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra” (Ez 33.22)
Podemos ouvir uma pregação aprovando cada palavra, sem retirar dela o real benefício, como consequência da influência desse mundo sobre nós. Nosso coração, assim como o solo recoberto por “espinhos”, pode se deixar afogar pelos cuidados e prazeres mundanos. Pode ser que realmente apreciemos o evangelho e sintamos o desejo de obedecê-lo, mas podemos acabar por não dar a ele qualquer oportunidade de produzir fruto, fazendo com que outras coisas ocupem lugar em nossa alma e nosso coração. Esses são aqueles que esperam que um dia se tornarão cristãos verdadeiros, mas NUNCA desistem de tudo por amor de Cristo, não buscando o reino de Deus em primeiro lugar, morrendo em seus próprios pecados.
Esses são exemplos que deveriam nos causar bastante temor! Não basta ir à igreja toda semana e escutar a pregação se estamos desatentos a ela. Não basta também apenas prestar atenção, pois os resultados da pregação podem ser temporários e superficiais. Não basta também que nossas impressões sejam passageiras, na medida em que elas poderão continuar não produzindo quaisquer resultados em consequência do nosso odioso apego a este mundo.
Só existe UMA evidência verdadeira de que estamos ouvindo a Palavra de Deus corretamente: os nossos frutos. E quais seriam esses frutos? Arrependimento e abandono de pecados, fé em nosso Senhor Jesus Cristo, santidade de vida, dedicação à oração, humildade, amor cristão, mente espiritual... Estas são as únicas provas de que a semente do evangelho está realizando trabalho em nossas almas. Caso contrário, a nossa religião é vã! “Eu vos designei para que vades e deis frutos, e o vosso fruto permaneça” (Jo 15.16)
Tendo tudo isso em mente, devemos refletir sobre as nossas vidas! Será que o nosso coração se encaixa em algum desses exemplos dados por Jesus nessa parábola? Será que temos vivido a vida cristã de forma superficial? Será que o evangelho realmente tem raízes profundas em nossos corações? Será que temos lutado contra as paixões desse mundo e impedido que o mesmo apague a nossa luz? Será que temos tido contato com a Palavra e não temos produzido fruto nenhum? Será que ao sairmos da igreja ou após termos feito as nossas devocionais diárias, permanecemos da mesma forma, como se não tivéssemos tido contato com a Palavra? Se esse é o seu caso, se arrependa do seu pecado! Ore a Deus e peça que Ele tenha misericórdia da sua vida e que te capacite a buscá-lo verdadeiramente e a tornar-se um servo fiel!
Lembre-se! Se a pregação do evangelho não tem produzido frutos em sua vida, ela servirá tão-somente para aumentar ainda mais a sua condenação no dia do juízo!
“Tornai-vos, pois, praticantes da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos” (Tg 1.22)
Ana Talitha Rosa
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