quinta-feira, 3 de abril de 2014

Mateus 5.21-26

        A partir de agora, Jesus começa a explicar os mandamentos dos quais ele diz no verso 19 "aquele, pois, que violar um destes mandamentos(...) será considerado mínimo no reino dos céus". A forma como o texto é iniciado é bastante interessante e é repleta de significado: "Ouvistes o que foi dito aos antigos: Não matarás; e: Quem matar estará sujeito a julgamento. Eu, porém, vos digo".

        Antes de qualquer outra coisa, é necessário entendermos qual o significado por trás da expressão "Eu, porém, vos digo", que será repetida sempre que Jesus for tratar de algum mandamento no sermão do monte. Aqui, vemos uma clara contraposição entre o que foi "dito aos antigos", ou seja, o que os rabinos, escribas e fariseus compreendiam e ensinavam a respeito do sexto mandamento, e o que Cristo estaria para lhes ensinar. É como se Jesus dissesse: "estão vendo tudo o que os principais estudiosos da Lei ensinaram e disseram nos últimos séculos? Esqueçam tudo isso!". Mas Jesus não havia dito que não veio para revogar a lei(verso 17)? Na verdade, Jesus não estava invalidando a lei dada a Moisés, mas estava trazendo ao povo o seu real significado. Mas, algo pode ter passado pela cabeça de alguns judeus que ouviam a Jesus naquele momento:"com que autoridade um simples carpinteiro de Nazaré ousa negar o ensinamento dado por fariseus e rabinos e trazer um novo ensinamento?". 

        Jesus não era apenas um simples carpinteiro de Nazaré. Como vimos no verso 17 do capítulo 3 deste livro, uma voz dos céus disse a respeito de Jesus: "Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo", ou como João escreveu:Jesus era o Verbo, que "se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade"(João 1.14). Ou seja, Jesus, era o próprio Deus encarnado! Aquele foi prometido e a respeito de quem foi profetizado desde Gênesis 3.15. Enfim, era com autoridade de criador da Lei que Jesus negava o ensino dado pelos rabinos e fariseus, e mostrava o que o sexto mandamento(e os outros, posteriormente) significava em sua completude.

        Jesus, ao dar a correta interpretação do sexto mandamento, diz que:" todo aquele que [sem motivo] se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo" (v.22). Ou seja, o mandamento não exige apenas uma obediência externa! Não é só seu corpo e suas ações que demonstram seu pecado, mas principalmente o íntimo de seu coração, e isso fica claro quando Jesus condena "todo aquele que [sem motivo] se irar contra seu irmão"!  Muitos dos judeus que o ouviam pensavam nunca ter quebrado o sexto mandamento, assim como nós mesmos também pensávamos. Porém, se você já se irou contra seu irmão, já lhe insultou ou lhe chamou tolo, você definitivamente já quebrou o sexto mandamento!

        Nos versos 23 e 26 Jesus ensina que a falta do cumprimento da lei nos que diz respeito ao próximo, não devemos prestar culto ao Senhor(contextualizando) estando em falta com nosso irmão! Por isso Paulo (no contexto da santa ceia) diz:"Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e, assim, coma do pão e beba do cálice, pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si"(I Coríntios 11.28-29) e o Senhor diz em Isaías 1.11:"De que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios?(leiam até o verso 17). Não podemos desenvolver nossa devoção a Deus se constantemente pecamos contra nosso irmão, pois nosso amor a Deus é também demonstrado através de nosso amor ao próximo, como vemos em I João 4.20: "Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê".

        Que Deus nos capacite a amar nosso próximo, e a entender que sua Lei deve moldar não só nossas atitudes, mas principalmente nossos corações!

                                               Lucas Quaresma

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